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Além do projeto arquitetônico: entenda como é a gestão de obras ideal

Embora a própria regulamentação da profissão estabeleça a possibilidade de arquitetos serem responsáveis pela gestão da obra, muitos profissionais ainda não adotam essa prática em suas rotinas de trabalho, mantendo o foco apenas nos projetos arquitetônicos. Porém, os arquitetos que têm um domínio maior sobre os processos podem facilitar a execução de construções e potencializar a satisfação de seus clientes.

A distância dos arquitetos da gestão de obras está atrelada à formação acadêmica desses profissionais. “No Brasil, as faculdades não preparam os estudantes para ir além da formulação de projetos e também geri-los, apesar de preverem estágios em obras. Assim, eles precisam buscar essa formação em cursos fora das faculdades”, observa o arquiteto Matheus Mendes.

Com isso, os profissionais que conseguem reunir as habilidades necessárias para a condução da gestão de obras tendem a se destacar no mercado. Confira, a seguir, como os arquitetos podem ir além dos projetos arquitetônicos e também serem responsáveis pela gestão.

Habilidades necessárias para a gestão da obra

Além da responsabilidade de lidar com problemas executivos de obras, arquitetos precisam ser capazes de construir uma boa rede de comunicação ao coordenarem a execução de projetos. A gestão de obras envolve o relacionamento com dezenas de profissionais, entre fornecedores e prestadores de serviços.

O controle sobre todas as atividades que serão executadas por essa grande rede de profissionais é um grande desafio, que impactará em questões como o controle financeiro e a manutenção de prazos.

“Mesmo que seja uma reforma pequena, é comum ter 30, 40 ou até 50 pessoas envolvidas. É uma rede muito grande de fornecedores e prestadores de serviços, desde empresas de vidro, marmoraria e as pessoas que executam a mão de obra. O arquiteto tem de manter uma organização e saber o momento certo de cada coisa, para manter o orçamento e consolidá-lo, contratar prestadores e fazer o fechamento da obra, além de ter todos os registros sobre isso”, observa Matheus Mendes.

Importância do projeto arquitetônico para a gestão eficiente

A eficiência da gestão de obras está diretamente atrelada ao detalhamento do projeto arquitetônico. Esse é um passo fundamental para que todas as etapas da execução sejam seguidas sem percalços e, consequentemente, o arquiteto seja capaz de satisfazer o seu cliente.

“O papel aceita tudo. Qualquer coisa que é desenhada está desenhada. A realidade, não. Um bom projeto deve condizer com realidade do cliente, tanto esteticamente, quanto financeiramente e em relação ao tempo de execução”, alerta Mendes.

Em muitas oportunidades, os clientes demandam agilidade na execução das obras, mas algumas técnicas demoram para serem realizadas. Nesse ponto, a experiência do arquiteto para manter o contratante satisfeito é fundamental.

O projeto tem de ter alto nível de detalhamento para ser executado e todos os profissionais terem consciência exata sobre suas tarefas. Ele deverá apresentar informações executivas, como o tipo de acabamento e encaixes, e tudo aquilo que possa facilitar a execução.

Como organizar um cronograma de obras

Antes de ser iniciada uma obra, é necessário que os projetos já estejam definidos, assim como devem ser reunidas todas as informações sobre cronograma e orçamento. Essas são as três peças fundamentais para que a construção ou a reforma possam começar.

O cronograma pode ser elaborado pelo arquiteto ou em conjunto com os prestadores de serviço que serão envolvidos na obra. “O arquiteto pode questionar os outros profissionais sobre quanto tempo é necessário para que um serviço ou produto seja entregue e, com isso, seja formulado um cronograma real. Dependendo do produto ou serviço, a variação de tempo é muito grande”, explica o arquiteto Matheus Mendes.

Ainda é comum que arquitetos utilizem planilhas, em Excel, para organizar o cronograma de uma obra. Entretanto, todo esse trabalho que seria feito manualmente pode ser otimizado com a utilização de um software especializado. Esses programas tornam todas as etapas automáticas, o que permite maior agilidade nesse processo.

“Com o software, fica mais fácil ter ajuda ou treinar alguém para fazer isso de forma mais organizada. O software dá segurança maior para o arquiteto usar sua equipe para apoiar em orçamento e cronograma”, destaca Mendes.

Como conduzir a sequência de serviços

Na gestão de obras, é imprescindível que a sequência de serviços seja analisada cuidadosamente. Afinal, é ela que permite que as etapas de execução sejam feitas de forma organizada.

“Não é possível definir uma ordem perfeita da sequência de serviços. Isso dependerá de cada caso, mas há serviços que dependem de outros. Para fazer o revestimento, a parede tem de estar em pé. Para fechar forro de gesso, é melhor ter feito instalações elétricas”, esclarece Mendes.

A organização da sequência de serviços gera economia na execução de uma obra. Caso ela não seja observada, um serviço poderá demandar mais tempo do que estava previsto ou acontecer a necessidade de retrabalho. Consequentemente, serão gerados mais gastos.

Usualmente, a sequência de serviços envolve: preparação do local, proteção de superfícies, aluguel de contêiner para resíduos, demolição e construção de paredes. Em um segundo momento, será realizada a parte de infraestrutura — redes elétrica e hidráulica. Na sequência, serão realizados os acabamentos, como instalação de luminárias e interruptores. Por último, haverá a parte de decoração, com cortina, marcenaria e mobiliário.

Já em uma construção nova, a sequência de serviços envolve ainda a preparação do terreno, terraplanagem e fundação, sondagem do solo, cercamento do lote e preparação do canteiro de obras.

Acompanhamento da obra

Para a gestão da obra sair conforme o planejado, é preciso que o projeto esteja alinhado com o cliente. Quando há essa definição e o contratante está ciente do que será feito, é amenizada a possibilidade de que as coisas mudem ao longo do percurso. Esse alinhamento também deve ser feito com o construtor, para que ele saiba todas as especificações do que será feito e possa auxiliar no planejamento.

A partir disso, é importante a presença do arquiteto na obra, para contornar falhas. “Hoje, a obra ainda é feita de forma artesanal no Brasil, é utilizada pouca industrialização, o que torna comum o surgimento de problemas. Caso haja presença e atuação de gestão, é possível contornar esses obstáculos sem maiores percalços”, observa o arquiteto Matheus Mendes.

A frequência de visitas do arquiteto à obra deverá ser analisada de acordo com cada caso. É possível substituir a presença física com o acompanhamento virtual,  por meio do envio de fotos, vídeos, documentos técnicos e plantas. Execuções mais complexas poderão demandar a ida do profissional até o local mais vezes. A quantidade dessas visitas tem de ser acordada com o cliente dentro da realidade de cada obra.

A presença do arquiteto é um mecanismo para controlar o prazo de execução. Porém, também é importante que seja feito o contato com fornecedores e prestadores de serviço para que seja estipulada uma estimativa do tempo de realização de cada etapa.

É recomendável ainda que seja adotada uma margem de erro no prazo de execução, para que imprevistos ao longo da obra não atrasem a entrega ao cliente. Esse período de folga é importante em um processo que envolve muitos profissionais e, consequentemente, há maior probabilidade de prazos não serem cumpridos.

O tempo de execução está diretamente relacionado à satisfação do cliente. O período de folga deve existir justamente para evitar possíveis frustrações do contratante. Caso não seja necessário utilizá-lo e a obra seja entregue antes do prazo previsto, o arquiteto aumentará a percepção positiva sobre seu trabalho.

Para cumprir prazos, orçamentos e cronogramas, os profissionais devem se planejar. “O segredo de uma boa gestão de obra está em um bom planejamento. Quando você planeja, evita problemas e lendas que se consolidam, como a de que obra sempre sai mais caro ou demora mais do que o previsto. Nessas obras, houve falha de planejamento”, afirma Matheus Mendes.

A boa condução da gestão da obra, dentro de tudo aquilo que estava previsto no projeto arquitetônico, pode se tornar um diferencial para o arquiteto na conquista e fidelização de clientes. Esses são fatores importantes tanto para o negócio quanto para uma imagem de competência do profissional perante à sociedade.

Como você tem conduzido a gestão de obras? Compartilhe sua experiência conosco nos comentários!

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