Quando pensamos na experiência de habitar os espaços públicos de uma grande cidade, a primeira coisa que vem a mente é o fluxo contínuo de tráfego (ônibus, carros, motos, pedestres, bicicletas, e agora os famosos patinetes), o descaso com as vias sujas, a falta de cordialidade e, principalmente, a falta de segurança.
É verdade que grande parte dos espaços públicos de São Paulo se encaixam na descrição acima, sendo por vezes lugares os quais preferimos não frequentar, mas que, ao mesmo tempo fazem parte do nosso dia-a-dia. Esses são os chamados “não lugares”, que acabam por contribuir para tirar o nosso desejo de interação com a cidade.
Tudo isso não é “privilégio” da capital paulista, mas são características comuns das grandes metrópoles. É inevitável e compreensível pensarmos nessas características quando nos referimos a São Paulo, porém é preciso um olhar mais positivo: nem tudo é caos, estresse, barulho e violência.
Você já parou para observar a quantidade de espaços públicos de interação que esta cidade nos oferece? Ficamos tão presos dentro de estereótipos e de conceitos viciados, que acabamos por não prestar atenção numa característica singular – e positiva – que poucas cidades na América Latina conseguem oferecer a seus habitantes.
Por definição, um espaço público de qualidade significa, essencialmente, misturar e ao mesmo tempo respeitar os limites entre o individual e o social. Significa, acima de tudo, ser um espaço de fácil interpretação, democrático, com infraestrutura e que seja acessível a todos, indiscriminadamente.
Historicamente, a relação do paulistano com o espaço público nem sempre foi a ideal, mas cada vez mais, testemunhamos um movimento de resgate genuíno do interesse por esses espaços e pela cidade. São Paulo é uma das metrópoles mais cosmopolitas do mundo, afinal, foi cidade destino de várias ondas de imigração: japonesa, italiana, libanesa e judaica. Talvez um dos poucos lugares onde tantas etnias e culturas convivem de forma absolutamente harmoniosa. E quanto mais vivenciamos São Paulo, mais ela se revela numa cidade surpreendente para ser vivida em toda sua plenitude.
Para exemplificar essa “nova” relação que vem ganhando força a cada dia, listamos onze espaços públicos, entres espaços urbanos e parques, que nos possibilitam vivenciar essa grande metrópole de forma plena e prazerosa, como um verdadeiro cidadão paulistano. Confira!
1. Minhocão
Construído em 1970, o Elevado Costa e Silva começa no bairro de Perdizes, na zona Oeste de São Paulo e chega até a Praça Roosevelt, no centro.
Hoje em dia o Minhocão se tornou um dos principais lugares para se praticar esportes ao ar livre em meio a cidade. Tudo isso porque aos finais de semana, os 3,4km de elevado são exclusivamente para uso de pedestre.
O elevado fica tomado de corredores a skatistas, atraindo jovens, adultos, crianças e muitas vezes turistas que querem conhecer melhor a cidade.
Horários: Sábado e Domingo – Uso exclusivo para pedestres
Dias da Semana – das 7 horas às 20 horas aberto para carros.
2. Avenida Paulista
A principal avenida de São Paulo também aderiu ao uso exclusivo de pedestres nos Domingo e feriados, mais precisamente das 9 horas às 17 horas.
Aqueles que conhecem a Av. Paulista pelo seu trânsito infernal, buzinas ensurdecedoras e engravatados correndo de um lado para o outro, não consegue imaginar no que ela se transforma aos domingos. Sem a passagem de carros e ônibus, os pedestres exploram seus 2,7 km fazendo esporte ao ar livre ou até mesmo levando cadeiras de plástico para curtir o dia em uma verdadeira praia urbana.
3. Mirante 9 de Julho
De esquecido a inesquecível. O mirante 9 de Julho que teve sua inauguração em 1938 ficou completamente inativo por 76 anos. Em agosto de 2015 ele renasce como um espaço multicultural aberto ao público gratuitamente, com direito a restaurante, café e co-working.
Horários: Espaço Cultural: das 10 horas às 22 horas – terça a domingo (e feriados). Restaurante O Mercado: das 12 horas às 22 horas – terça a domingo (e feriados). Café e bar Isso é Café: das 10 horas às 18 horas (Café) | das 18 horas às 22 horas (bar) – terça a domingo (e feriados)
4. Praça Benedito Calixto
A Praça Benedito Calixto é um polo cultural extremamente consolidado na cidade de São Paulo.
A feira da praça, que acontece aos sábados desde 1987, provoca uma efervescência de todas as faixas etárias. Idosos, crianças, adultos e jovens percorrem pelas 320 barracas de antiguidades, além de lotarem os locais de alimentação da feira e também os bares e restaurantes ao redor da praça.
A praça assume um caráter plural: durante os dias de semana, é um lugar de convivência pacato, como qualquer praça de bairro. E aos sábado subitamente se transforma para abrigar a feira em um verdadeiro evento de celebração da arte, cultura e gastronomia.
Horários: Aos sábados das 9 horas às 19 horas
5. Rua João Cachoeira
A Rua João Cachoeira fica no bairro do Itaim. É conhecida como um shopping a céu aberto devido a grande diversidade de lojas. Sua extensão começa na Rua Jesuíno Arruda e vai até a Leopoldo Couto Magalhães.
Realizou-se um projeto de revitalização da rua desejando um maior conforto aos pedestres que vão “bater pernas” nas compras.
Uma das grandes qualidades da Rua João Cachoeira é que não tem camelôs, nem gritaria e muito menos multidões de pessoas passando. E por fim para os momentos de cansaço, existem ótimas opções de restaurantes nas proximidades.
Horários: Dias de semana : 10 horas às 19 horas – Finais de semana: 10 horas às 18 horas
6. Rua Oscar Freire
Assim como a Rua João Cachoeira a Oscar Freire é mais um exemplo de shopping a céu aberto. Localizada no Jardins é um dos endereços mais nobres para o comércio de São Paulo.
Ao longo dos seus 2,6 km foi realizado um projeto de requalificação idealizado em valorizar as arquiteturas e as vitrines de seu entorno. Desta forma foi feito um passeio livre de obstáculos, minimalista, onde o pedestre caminha sem sobressaltos podendo observar o universo fashionista que existe na rua.
7. Vão Livre do MASP
Localizado na Avenida Paulista, o MASP , além de ser um dos principais cartões-postais da cidade é um dos mais importantes museus do hemisfério Sul. Seu vão livre de 74 metros já foi palco dos mais variados eventos, desde manifestações a apresentações.
Aos domingos acontece a feirinha do vão livre do MASP. Criada a mais de 25 anos a feira é um paraíso para colecionadores e amantes de arte.
A feira recebe em média de 5 mil visitantes a cada domingo e o grande diferencial é poder unir as compras da feirinha com o passeio pela Av. Paulista.
Horários: Domingo das 9 horas às 17 horas
8. Parque Villa Lobos
Fundado em 1989, na região Oeste da cidade, o parque Villa Lobos abrange uma área de 732 mil metros quadrados na cidade de São Paulo.
Além de possuir ciclovia, quadras, campos de futebol, playground e diversas possibilidades de lazer, o parque dispõe de um anfiteatro aberto para 750 lugares com área aberta para shows.
Horários: Todos os dias das 5:30 às 19 horas
9. Parque Ibirapura
O parque Ibirapuera, queridinho dos Paulistanos, possui uma área 158ha na cidade de São Paulo.
O parque como um todo é tombado pelo Conselhos Municipal de Preservação do Patrimonio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo. Com construções históricas de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer e paisagismo desenhado por Otávio Augusto Teixeira Mendes (após o anteprojeto do paisagista Roberto Burle Marx) o parque oferece ao mesmo tempo cultura e lazer para seus visitantes.
Horário: Todos os dias das 5 horas às 00 horas
10. Parque do Povo
O Parque Povo Mário Pimenta Camargo, mais conhecido como parque do povo, foi inaugurado em 2008 no bairro do Itaim Bibi, abrange uma área de 130mil metros quadrados e conta com um complexo esportivo de três quadras poliesportivas, ciclovia, pista de skate e aparelhos de ginástica para o público. Apesar de “jovem” o parque possui uma boa área verde, proporcionando momentos de sombra e descanso.
Horário: Todos os dias das 6 horas às 22 horas
11. Parque da Água Branca
Localizado na Barra Funda, o Parque da Água Branca nos remete a um ambiente de campo no meio da cidade de São Paulo.
O espaço de 137 mil metros quadrados abriga atividades culturais (Museu Geológico e a Casa do Caboclo) e de lazer. Conta com parquinhos, lagos com peixes, hípica e muita área verde. Além de vários patos, pavões, gansos e galinhas os principais frequentadores do parque são crianças, idosos e casais em busca de sentir um pouco do gostinho da fazenda.
Horários: Todos os dias das 6 horas às 20 horas
É claro que, por ser uma das maiores metrópoles do mundo, São Paulo nos oferece vários outros espaços públicos importantes, mas os citados neste artigo servem de marco inicial para essa caminhada!
Sem dúvida, um dos maiores desafios na administração dos centros urbanos atuais é a necessidade de promover espaços públicos que nos permitam uma “vivência espontânea” da cidade. Ou seja, espaços onde a cidade possa revelar, em todas as suas formas, sua personalidade. E vale lembrar que este desafio não se limita ao trabalho dos governos e órgãos públicos, já que a transformação de uma cidade envolve diretamente todos que nela habitam.
Todas as cidades têm virtudes e defeitos. Enquanto umas são mais belas arquitetonicamente, outras oferecem maior interação com a natureza, e outras têm mais vida. Na minha opinião, o importante é ter “personalidade”, ser singular, ter alma. São Paulo é uma das metrópoles mais cosmopolitas do mundo, afinal, foi cidade destino de várias ondas de imigração: japonesa, italiana, libanesa e judaica. Talvez um dos poucos lugares onde tantas etnias e culturas convivem de forma absolutamente harmoniosa.
Se você deseja aprender mais, desenvolver novos talentos ou estimular os seus sentidos, confira também a nossa lista com 6 livros de arquitetura essenciais para a sua carreira.
Por CAROLINA TEIXEIRA MADUREIRA DE PINHO
Responsável pela curadoria do @ARCHI_HALL
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